quarta-feira, 13 de julho de 2011

Polêmica: Pais rejeitam texto do CNE que obriga crianças com deficiência a frequentarem escolas convencionais


Um clima tenso tomou conta da Audiência Pública realizada ontem (17.09) na Câmara de Vereadores de Várzea Grande, cujo tema é “Acabar com o Ensino Especial nos Centros Especializados para Crianças Portadoras de Deficiência Física e Mental”. Várzea Grande possui hoje três instituições legais, são elas: Pestalozzi; Luz do Saber e Centro Habitacional Profissional (CHP).  Pais de alunos presentes na audiência – alegam que a proposta do Conselho Nacional de Educação (CNE) é inaceitável, pois somente quem conhece a realidade - sabe o que é bom e o que não é para os portadores de necessidades especiais.
Inconformado e preocupado com o futuro de sua filha, um dos pais presentes na audiência, Orlando Paiva, convive a realidade de ter uma filha com deficiência física e mental, acha a proposta um absurdo. “È gente que não convive com esse problema que a sociedade tem que quer acabar com o ensino especial. Eu nunca tinha olhado pra esse problema antes de ter minha filha, e hoje, conheço essa realidade que não conhecia. O atendimento que eles (deficientes) têm nessas instituições é fantástica, as pessoas que trabalham lá dão a atenção que as crianças portadoras de necessidades especiais merecem”, desabafou.

Segundo Paiva, sua filha já passou pela experiência de ter freqüentado escolas que não era segmentada para o problema que ela possui, e não funcionou. “Eu não acredito que as escolas conseguirão fazer os trabalhos das instituições, e se for preciso eu tiro a minha filha da escola”, disse.

De acordo com o vereador Toninho do Glória (PV), o autor da audiência, que declarou que a vontade da população tem que ser respeitada. “Queremos saber o que a população quer, principalmente de que usa esses serviços de escolas especiais. Estamos aqui para debater as leis, a inclusão e exclusão no Brasil, e a qualidade de ensino das crianças com deficiência, e falar para sociedade que essa proposta é para nível nacional”, destacou.

Toninho lembrou que a dificuldade a ser enfrentada será adaptar as escolas comuns, com a reforma. “Não queremos acabar com os centros, queremos condições, qualificações e visão do futuro, se isso é realmente o melhor para eles (deficientes)”, destacou.

De acordo com o vereador, a idéia do CNE, é desintegrar esses centros de atendimento e passar toda a responsabilidade e verbas destinadas para as escolas comuns. “Queremos tempo, adequação, orientação, capacitação, ver ser os pais tem confiança nas escolas que irão colocar seus filhos” ressaltou.

Já a presidente da Associação Pestalozzi de Várzea Grande, professora Maria Ferreira de Souza, diz que hoje as entidades buscam a inclusão, “estamos preocupados com o que está escrito no parecer 13/09. Onde diz que todas as pessoas com deficiência têm que freqüentar escolas normais, que não possuem acessibilidade para as pessoas especiais.

A lei garante o direito de a pessoa escolher onde estudar, porque a lei quer obrigar? Se os pais fizerem à opção, que assim seja, mas acabar com as instituições não é uma coisa viável, onde crianças que precisam de extrema atenção, onde não a disputa de atenção com mais 30, 40 alunos em uma sala com crianças sem deficiência. Digo que não estamos brigando pela lei e sim como estará sendo implantada”, alertou.

Diferenças - Para a representante do Estado, Nágila Edimalar Vieira Zambonatto, gerente da Educação Especial da Secretaria de Educação (Seduc), o paradigma de inclusão é que a sociedade entende que os deficientes deveriam se preparar para conviver com a sociedade – mas na realidade quem deve se preparar são as pessoas sem deficiência.

“Hoje no Brasil a dois pensamentos ideológicos, os que pensam que os deficientes podem estudar em escolas comuns, e outros que pensam que os deficientes precisam sim de cuidados diferenciados. Temos dificuldades de capacitar professores. Pagamos cursos, passagem aérea e ajuda de custo, para os professores de MT fazer o curso, mas infelizmente à jornada de trabalho dos professores os impedem de capacitar-se”, lembrou.

Perguntado sobre o parecer 13/09 relatada pelo CNE, Nágila disse que a idéia não agradou o ministro da educação Fernando Haddad, onde não houve homologação do pedido. “O ministro, entendeu que esse assunto tem que ser discutido com a sociedade e com uma avaliação mais profunda. O que a CHN entende é que as crianças com deficiência podem estudar com as normais. E querem a transformação das instituições em centros educacionais”, alertou.

Segundo Nágila, 500 escolas do Estado têm amparo para deficiente. “Hoje temos escolas com rampa, barra no banheiro, alargamento de portas, tecnologia assistiva e computadores adaptados. “Mas isso não é toda estrutura que um deficiente precisa”, advertiu. Ela lembrou que o Estado direciona verba para convênio com Apae e Pestallozi, instituição de cegos, Associação de Síndrome de Down entre outros, chega a R$ 6 milhões”, finalizou.




Fernanda Leite especial para VG Notícias

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