quarta-feira, 20 de julho de 2011

Histórico Da Educação Especial

           Pode-se situar os primórdios da Educação Especial pelos finais do século XVIII. Esta época é caracterizada pela ignorância e rejeição do individuo deficiente. Nas sociedades antigas era normal o infanticídio quando se observavam anormalidades nas crianças. Durante a Idade Média a Igreja condenou esta prática, mas por outro lado, acalentou a idéia de atribuir as causas sobrenaturais as anormalidades de que padeciam as pessoas. Considerou-as possuídas pelo demônio e outros espíritos maléficos e submetia-as a prática de exorcismo.
           Nos séculos XVI e XVII os deficientes mentais eram internados em orfanatos, manicômios, prisões e outros tipos de investigações estatais. Para mudar esta situação começaram a surgir as primeiras experiências positivas: O frade Pedro Ponce de Leon (1509-1584), que em meados do século XVI, levou a cabo no Mosteiro de Oña a Educação de 12 crianças surdas com surpreendente êxito ele é reconhecido como iniciador do ensino para surdos e criador do método oral.
            No final do século XVIII e inicio do século XIX inicia-se o período da institucionalização especializada de pessoas com deficiências, e é a partir de então que podemos considerar ter surgido a Educação Especial. Essa Educação acontecia em escolas fora das povoações, argumentando que o campo lhes proporcionaria uma vida mais saudável e alegre. Desta maneira se tranqüiliza a consciência coletiva, pois estava a proporcionar cuidado e assistência para quem necessitava, protegendo o deficiente da sociedade sem que esta tivesse de suportar o seu contato.
            O desenvolvimento cientifico técnico permite dispor de métodos viáveis de avaliação (Galton, Binet) e tratamento(medico, psicológico e educativo). Alguns defensores de uma pedagogia nova como Montessori (1870-1952) e Decroly(1871-1932), trabalhavam em educação especial e rapidamente se sente a necessidade de construir uma pedagogia terapêutica. Nesta época multiplicam-se as escolas especiais: cegos, surdos, deficientes mentais etc. Estes centros especiais especializados, separados dos regulares, com seus programas próprios, técnicas especializadas, construíram e constituem um subsistema de Educação especial diferenciado, dentro do sistema educativo geral.
          Em 1959, a rejeição feita pelas associações de pais a este tipo de escolas segregadas recebe apoio administrativo na Dinamarca que inclui na sua legislação o conceito de “normalização” entendido como “possibilidade de o deficiente mental desenvolver um tipo de vida tão normal quanto possível”. A partir de então, o conceito de normalização estende-se por toda a Europa, América do Norte e Canadá e como conseqüência da sua generalização, verifica-se no meio educativo a substituição das práticas segregadoras por práticas e experiências integradoras. Trata-se de integrar os deficientes no mesmo ambiente escolar dos outros indivíduos considerados normais é o processo de inclusão muito falado atualmente.
         No Brasil, constata-se que o país sempre teve dificuldades na educação de sua população. Da mesma forma que em tempos anteriores, até o século XIX. Não havia oportunidade de educação para as classes populares, também os deficientes, na maior parte do país, eram alijados do sistema educacional. Apesar das dificuldades é preciso considerar que as iniciativas de educação especial começaram ainda na época do Brasil-Colonia. Durante o segundo Império, em 1854, foram criados no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente o Instituto Benjamim Constant, e dois anos depois, em 1856, o Instituto dos Surdos-Mudos, atual I.N.E.S (Instituto Nacional de Educação de Surdos). No final do império e começo da Republica, havia no país seis instituições que atendiam deficientes físicos, auditivos e visuais.
          Em 1860 foi criada, junto à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, uma ala para atendimento privado na área de deficiência física. Quando surgiu o movimento da “Escola Nova”, também a educação especial ganhou outra forma de se manifestar de acordo com as exigências dos seus alunos considerados especiais. A história da Educação Especial no Brasil ganhou outra visão com os trabalhos de Helena Antipoff, nascida em Grodno, na Rússia (1892-1974), psicóloga e educadora em Paris e Genebra, trabalhou na França e seguiu Claparéde e Pestalozzi. Ao deixar a Rússia, em 1924, foi convidada para lecionar em Belo Horizonte, na recém-criada Escola de Aperfeiçoamento de Professores do Estado de Minas Gerais, que tinha a finalidade de atualizar as professoras primárias locais nos métodos e processos educativos. Assim, ela foi convidada a lecionar Psicologia Educacional por dois anos, e acabou permanecendo em Belo Horizonte por toda a vida.
             Em 1932, juntamente com um grupo de intelectuais, educadores e filantropos, Antipoff havia fundado a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte, destinada a educação de crianças “excepcionais”. Para a Sociedade, “excepcionais” eram aquelas crianças que, por alguma anormalidade orgânica, com problemas de origem sócio-econômica no meio familiar, apresentavam dificuldades em acompanhar o programa escolar regular.
           A sociedade Pestalozzi era uma instituição de caráter privado, mantida por seus fundadores e por doações particulares ou públicas. Em 1935, a Sociedade estabeleceu o Instituto Pestalozzi, escola para crianças “excepcionais” que viria a se tornar modelo na educação dessas crianças no Brasil. Os primeiros estudantes recebidos pelo Instituto foram recrutados entre as crianças abandonadas que viviam no Abrigo de Menores de Belo Horizonte, e entre crianças carentes que fracassavam nas escolas públicas locais. O “Pestalozzi” (instituto), oferecia classe de educação especializada, e representou a primeira tentativa feita por Antipoff, no Brasil, no sentido de reproduzir sua experiência anterior com menores abandonados na Rússia revolucionária.
          Mais tarde, em 1940, a Sociedade fundou uma outra instituição dedicada à educação dos “excepcionais”, a Fazenda do Rosário”. Na fazenda, localizada em Ibirité, cidadezinha próxima de Belo Horizonte, Antipoff pensava aplicar os métodos da Escola Ativa, que enfatizavam que as atividades educativas. Devem ser planejadas a partir das tendências e interesses espontâneos da criança em um ambiente adequado. Os primeiros alunos da Fazenda do Rosário eram também crianças recolhidas pelo Abrigo de Menores de Belo Horizonte. Antipoff procurou criar o ambiente ideal para a educação de todos os tipos de crianças, sobretudo dos “excepcionais sociais” que tanto a preocupavam.
          Antipoff trouxe a influência da pedagogia escola- novista social democrata os demais da sociedade    Pestalozzi, sobretudo as primeiras professoras da Fazenda; eram ligadas todos ao movimento do catolicismo social, sabendo aliar elementos dos dois modelos. Ela percebia que, na conservadora sociedade mineira da época era importante fortalecer as convicções ideológicas do grupo. Como uma organização filantrópica, a sociedade Pestalozzi dependia de doações de particulares e do governo. Era preciso, pois, convencer as elites e o governo local a apoiar suas iniciativas.
            Para ela, seria precisamente o sentimento de inadequação assim produzido que traria as reações de violência e revolta observadas em crianças carentes ou abandonadas. Daí a necessidade de criar um ambiente de liberdade onde as habilidades de cada um pudessem ser adequadamente desenvolvidas. Todas as atividades desenvolvidas por esta brilhante educadora, hoje existem em todo o Brasil escolas especiais e no momento a questão é lutar pela inclusão e integração destes não só no campo educacional, mas em toda a sociedade, incluindo o apoio e a orientação da família, profissionalização e realização pessoal de um modo geral.
            O processo de desenvolvimento da Educação Especial no Paraná guarda estreita relação com os fatos históricos que marcaram esses segmentos educacionais no contexto brasileiro que por sua vez, foi influenciado pelas tendências pedagógicas internacionais. Em 1939, foi fundada a primeira entidade de assistência aos portadores de deficiência visual, o Instituto Paranaense de Cegos e, no decorrer da década de 50, inúmeras outras instituições surgiram, visando ao atendimento nas diferentes áreas de excepcionais. E, até 1953, haviam sido registradas, oficialmente na Secretaria de Estado da Educação, apenas sete escolas especiais, cinco das quais localizadas na capital e duas em Londrina.
            A preocupação com a Educação Especial no âmbito da escola pública teve início em 1958, no Centro Educacional Guairá, hoje Escola Estadual Guairá, sob a iniciativa da professora Pórcia dos Guimarães Alves, então diretora da Instituição, que criou uma psicologia voltada para o estudo de crianças com problemas de aprendizagem e de repetência escolar em função desses estudos, foi criada naquela instituição a primeira classe especial em escola da rede pública de ensino do Paraná, iniciativa que se intensificou quando foi instituído em 1963, pela Secretaria de Estado da Educação e Cultura, o serviço de Educação de excepcionais. O ano de 1961 constitui-se num marco importante na história da Educação Especial do Paraná quando pela primeira vez na legislação educacional, a Educação Especial foi contemplada com alguns artigos da lei 4.024/61, que estabelecia as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
No decorrer de 1971, a Secretaria de Estado da Educação (SEED) foi reestruturada, em conseqüência da lei 5.692/71, quando então o Serviço de Educação de Excepcionais passou a ser dominado pelo Departamento de Educação especial (DEE). Esse departamento se estruturou de forma setorizada, compreendendo a direção, o setor administrativo e os setores específicos que atualmente constituem os Serviços de Educação de Deficiência Auditiva, de Deficiência Física, de Deficiência Mental, de Deficiência Visual, altas habilidades e mais recentemente de condutas típicas e o Grupo de Apoio à Profissionalização.
As escolas Especiais no Paraná são numerosas e constituídas predominantes, por Associações de Pais e amigos dos Excepcionais (APAEs), cujo movimento foi iniciado a partir da década de 60, com a criação da primeira entidade de Curitiba e a subseqüente expansão rumo ao interior do Estado. A ela se deve a introdução e difusão das metodologias voltadas á educação escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais.
             A preocupação com a educação escolar sistematizada no âmbito da escola pública conta apenas com três décadas de existência efetiva no cenário brasileiro e paranaense e determinar que as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou lingüísticas e isso inclui toda e qualquer escola desde as grandes capitais até os mais simples bairros do interior, todos devem estar empenhados nesta, bem como o envolvimento de toda a sociedade.

terça-feira, 19 de julho de 2011

JOÃO HENRIQUE PESTALOZZI


João Henrique Pestalozzi nasceu em Zurick, Suíça, no dia 12 e janeiro de 1746. Durante a infância faltou-lhe o contato com outras crianças, porém cresceu numa atmosfera familiar bastante harmoniosa.
Apesar de sonhador e desajeitado, possuía uma força de vontade e energia invulgar, o que o levou a nunca recuar frente aos perigos nem tão pouco conseguia ficar impassível a qualquer injustiça. Mas que tudo, preocupava-se em compreender o significado das coisas e nunca em decorá-las.
Pestalozzi com o passar dos nos sofreu as influências dos mestres iluministas, despertando cada vez mais seu espírito humanitário, buscou a reforma pela paz, pela justiça e pela educação em vez da violência. Sonhava em ajudar o povo e a juventude e se estabeleceu em Neuhot, sua primeira propriedade rural, na qual iniciará sua vida como educador, sociólogo e reformador. Nesta propriedade pensou e realizou uma instituição filantrópica para crianças desamparadas. É nesse momento que sua vida começa a se misturar com a sua obra.
Realizando esse projeto, inicia-se a carreira filantrópica de Pestalozzi. Estaria surgindo uma nova concepção social e pedagógica a partir de uma educação integral, rumo à realidade da vida.
As concepções pedagógicas de Pestalozzi repousam na idéia de que a fonte de todos os conhecimentos se acha na intuição e foi com este princípio que Pestalozzi sustentou o seu trabalho de assistência educacional e filosófica, o qual recebeu o título de "Pai dos Pobres", gravado posteriormente em seu túmulo. Foi com esse trabalho de anos de dedicação pelos marginalizados sociais, principalmente com as pessoas portadoras de deficiência que Pestalozzi hoje recebe a homenagem de ter o seu nome, como referencial das Sociedades Pestalozzi, instituições que prestam atendimento a pessoas portadoras de necessidades especiais.
A sua obra consagrada na prática é documento vivo do acerto de suas teorias, e o documento irrefutável desta consagração é a obra dos seus continuadores espalhada pelo mundo inteiro.
Veja também: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pestalozzi

Para quem não sabe quem foi Helena Antipoff


Para quem não sabe quem foi Helena Antipoff: Ela foi professora e psicóloga e desenvolveu um trabalho pioneiro com educação especial no Brasil. Nascida na Rússia, em 1892, veio para o Brasil a convite do Governo de Minas Gerais, em 1929, para participar da reforma do ensino público mineiro. A reforma, inspirada no ideário da Escola Novista, previa a criação de um Instituto de Aperfeiçoamento de Professores, dedicado à formação de normalistas e com ênfase no ensino da Psicologia.
Em 1932, ainda em Minas, a professora Antipoff, acompanhada por um grupo de médicos, educadores e professores, fundou e presidiu a Sociedade Pestalozzi, para promover o cuidado das crianças excepcionais.
Considerando a escola a melhor saída para todos os males, Helena Antipoff dedicou sua vida à educação das crianças. Sempre defendeu o conceito de inteligência inovador para sua época, considerando fatores socioculturais no desenvolvimento mental.

Helena Antipoff morreu em 1974, em Belo Horizonte.
O Instituto Helena Antipoff fica na Rua Mata Machado, 15, no Maracanã.

http://www.rio.rj.gov.br/sme/leia_tambem/iha.htm
Postado por Cantinho Especial às 11:59

sábado, 16 de julho de 2011

educadora portuguesa diz que o questionamento deve ser a base do trabalho de todos os professores


Dizer que o professor precisa refletir sobre seu trabalho não é mais novidade. É possível até afirmar que virou moda, como outras que volta e meia se espalham no meio educacional. Justamente por isso, um perigo, na opinião da educadora portuguesa Isabel Alarcão. Muito comentada mas pouco compreendida, essa idéia pode, segundo ela, se transformar num discurso vazio. "Ser reflexivo é muito mais do que descrever o que foi feito em sala de aula", alerta. O tema chama a atenção de Isabel desde o início da década de 1990, quando conheceu os estudos do americano Donald Schön. Ele defende que os profissionais façam o questionamento sobre situações práticas como base de sua formação. "Só assim nos tornamos capazes de enfrentar situações novas e de tomar decisões apropriadas." Doutora em Educação pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, e vice-reitora da Universidade de Aveiro, em Portugal, ela se dedica à formação docente desde 1974. A seguir, os principais trechos da entrevista que concedeu a NOVA ESCOLA em São Paulo

sexta-feira, 15 de julho de 2011

ESCOLA REFLEXIVA


Selma Gonçalves Mariotti
Professora, Graduada em Administração de Empresas com
Formação Pedagógica em Matemática


A escola é um organismo em reflexão, tendo reflexo na formação de professores, implicando ter como objetivo na educação escolar o desenvolvimento das múltiplas capacidades do ser humano e não apenas o desenvolvimento cognitivo ampliando a concepção de educar para além do instruir. Afirmando um determinado modo de relações com o conhecimento, com os valores, com os outros, um modo de estar no mundo que se expressa na idéia de relações de autonomia.
Os professores são profissionais cuja ação influi de modo significativo na construção da subjetividade de seus alunos como pessoas e como cidadãos.
A idéia do ensinar a pensar ou do ensinar a aprender está associada aos esforços dos educadores em prover os meios da auto-sócio-construção do conhecimento pelos alunos.
Portanto, a tarefa de ensinar a pensar requer dos professores o conhecimento de estratégias de ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências do pensar.
O ensino além de promover a acumulação de conhecimentos, deve criar modos e condições de ajudar os alunos a se colocarem ante a realidade para pensá-la a atuar nela.
Pensar crítico, é a capacidade de problematizar, ou seja, de aplicar conceitos como forma de apropriação dos objetos de conhecimento a partir de um enfoque totalizante da realidade. E a apropriação crítica da realidade, significa contextualizar um tema de estudo buscando compreender suas ligações com a prática humana.
É importante que o professor assuma o trabalho de sala de aula como um processo comunicacional e desenvolva capacidades comunicativas em seus alunos.
As mudanças tecnológicas terão um impacto cada vez maior na educação escolar e na vida cotidiana, os professores não pode mais ignorar tudo isso.
É necessário que os professores modifiquem suas atitudes diante dos meios de comunicação.
Atender à diversidade cultural e respeitar as diferenças no contexto da escola e da sala de aula diz respeito à preocupação em que os alunos fazem em sala de aula e fora da escola.
A diversidade diz respeito à realidade concreta das diferenças entre as pessoas, para isso é preciso levar em conta as experiências vividas pelas pessoas e reconhecem que os resultados escolares dependem da origem social, pessoal e familiar e também da relação com os professores.
Sabe-se que as diferenças sociais, culturais, intelectual e de personalidade são geradores de diferenças na aprendizagem.
Isso implica um posicionamento ativo de reconhecer a diversidade que é ver em cada um a presença da universal e simultaneamente a do particular.
Atender a diversidade reduz a defasagem entre o mundo vivido do professor e dos alunos e devendo promover a igualdade de condições e oportunidades escolares a todos.
Devem-se investir na atualização cientifica técnica e cultural como processo de formação continuada.
É preciso que o professor coloque a auto-formação continua como requisito da profissão docente.
A escola tem a função de preparar cidadãos, mas não pode ser pensada apenas como tempo de preparação para a vida. Ela é a própria vida, um local de vivência da cidadania.
Uma escola assim concebida pensa-se no presente para se projetar no futuro. Não ignorando os problemas atuais, resolvendo-os por referencia a uma visão que se direcione para a melhoria da educação praticada e para desenvolvimento da organização.
Envolvendo no processo todos os seus membros, reconhece o valor da aprendizagem que daí resulta. É uma escola que se assume como instituição educativa que sabe o que quer e para onde vai.
Todos esses preceitos até aqui comentados são os que levam a escola a se tornar uma escola reflexiva, ou seja, uma escola que continuadamente se pensa a si própria, na sua missão social e na sua organização, e se confronta com o desenvolver da sua atividade em um processo heurístico simultaneamente avaliativo e formativo.